Estudos anti-hobbesianos
Escritos ao longo de uma década, em tempos menos distópicos, os ensaios que compõem esta coletânea se baseiam em filosofias que nutrem esperanças mais elevadas a respeito das potencialidades humanas do que aquelas sustentadas por Thomas Hobbes, o inaugurador da filosofia política moderna. São textos independentes, mas relacionados, que abordam as noções de liberdade, cidadania e ethos democrático a partir de filósofas e filósofos que, para construírem os próprios projetos políticos, se veem obrigados a contestar o autor do Leviatã. Se há um fio condutor a nos guiar nessas páginas é o anti-hobbesianismo – de diversas feições – que teima em reaparecer na modernidade e na contemporaneidade, indicando que o monstro de Malmesbury continua a nos assombrar.
O capítulo de abertura analisa a crítica de Hobbes à ética e à política de Aristóteles – o primeiro grande anti-hobbesiano da história da filosofia ocidental, antes do próprio Hobbes – para mostrar que a defesa do Leviatã depende do apagamento das esperanças aristotélicas a respeito da possibilidade da educação para a virtude e para a cidadania.
Os capítulos seguintes abordam os temas centrais desta coletânea em John Bramhall, Jean-Jacques Rousseau, John Rawls, Giorgio Agamben, Hannah Arendt e Seyla Benhabib, os quais buscam reacender, de algum modo, a chama aristotélica que Hobbes tentou a todo custo apagar.
Trata-se de sugerir que as suas próprias filosofias práticas exigem contestação da antropologia e do modelo de Estado hobbesianos, que são obstáculos enormes para quem se dispõe, em qualquer época, a pensar a liberdade e as disposições morais e políticas dos cidadãos para além dos limites estreitos do individualismo hobbesiano.
Sobre a autora: Yara Frateschi é professora de Filosofia na Universidade Estadual de Campinas. É editora do blog Mulheres na Filosofia.
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